A Natureza e tudo o que nela existe foram feitos para o Homem: as flores da Primavera, os bordos do Outono, o cantar dos pássaros e dos insectos, a beleza das montanhas e dos lagos, as noites de luar, as fontes de águas termais. Pensemos no porquê de tudo isso.
Que poderá ser senão a Providência Divina proporcionando alegria aos homens? Belíssimos cantos, bailados, obras literárias e artísticas em geral enchem de alegria os seus realizadores, como também os seus ouvintes ou apreciadores. Alimentos deliciosos, primorosas construções arquitectónicas, jardins, vestimentas, além de suprirem as necessidades da vida humana, contêm elementos para realmente nos comprazer. O corpo se nutre e a vida é preservada com os alimentos que saboreamos. Se as nossas roupas e residências servissem unicamente para o indispensável, nunca iriam além de um aspecto vulgar. Na geração dos filhos, também, visa-se algo mais do que simples necessidade.
Desde que o Altíssimo concedeu ao homem o instinto para alegrar-se com a Natureza e com tudo o que ela lhe possa proporcionar, devemos aceitar esse prazer. A abstinência que nega tal alegria e contenta-se com o mínimo necessário para a subsistência, vai contra as graças de Deus.
Por outro lado, a pobreza do amor ao próximo entre os homens privilegiados leva-os a julgar que os prazeres destinam-se unicamente a eles e aos seus familiares. A indiferença que eles têm pelos seus semelhantes e a falta do desejo de compartilhar da alegria de todos revelam como esses homens são destituídos do espírito de fraternidade. Isso significa querer monopolizar as graças de Deus. Creio que os milionários, franqueando seus jardins ao povo, expondo os seus objectos de arte e participando da alegria geral, praticariam um acto que corresponde à Vontade Divina.
Paraíso Terrestre, portanto, é um mundo onde há progresso na vida de toda a humanidade e grande desenvolvimento das artes e demais prazeres de carácter elevado. Como a Verdade, o Bem e o Belo significam respectivamente, o que não é falso, o que é justo e o que é bonito, numa vida de abstinência há o Bem, mas não há Verdade nem Belo. Além disso, a abstinência poderá até ser obstáculo ao progresso da cultura. A decadência de certos países, que outrora possuíram uma alta civilização, pode ser atribuída ao facto de seu povo ter levado a vida espiritual ao extremo.
Meishu-Sama, 25 de Janeiro de 1949