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quinta-feira, 8 de maio de 2014

ENSINAMENTO DE MEISHU-SAMA: AS PLANTAS TÊM VIDA

  Gosto muito de cuidar das plantas do jardim e sempre corto seus galhos, arrumando-lhes o formato. De vez em quando, porém, sem perceber, acabo cortando demais ou deixando de cortar onde
é necessário. Às vezes, quando vou plantar uma árvore, não havendo alternativa, por causa do espaço, planto-a num lugar que não é do meu agrado e deixo a parte da frente para trás, ou meio de lado, o que me incomoda, toda vez que observo. Mas é engraçado, pois, com o passar do tempo, vejo que a árvore vai se acomodando aos poucos por si mesma, até que acaba se harmonizando perfeitamente com o lugar. Acho isso interessantíssimo e não posso deixar de pensar que ela está viva. Certamente, as árvores também possuem espírito. Nesse ponto, assemelham-se ao homem que cuida de sua aparência para não passar vergonha perante os outros.
  Tempos atrás, ouvi um velho jardineiro contar que, quando uma planta não dava flores como ele queria, dizia-lhes estas palavras: “Se este ano você não der flores, vou cortá-la.” Assim, ela não deixava de florir. Ainda não experimentei fazer isso, mas o fato parece-me verossímil. Não há erro em lidarmos com qualquer elemento da Grande Natureza acreditando que ele possui espírito. num livro que li, de autor ocidental, dizia-se que uma árvore que geralmente leva quinze anos para crescer, tendo sido cuidada com amor e dedicação, cresceu da mesma forma na metade do tempo, isto é, em sete ou oito anos.
  O mesmo pode ser dito em relação às vivificações florais. Eu próprio vivifico as flores de todos os compartimentos de minha casa; entretanto, ainda que elas não estejam do meu agrado, deixo-as a ssim mesmo. No dia seguinte, noto que elas estão diferentes, com um aspecto agradável, como se estivessem vivas. Nunca forço o formato das flores, vivifico-as da maneira mais natural possível. Por isso, elas ficam cheias de vida e duram mais. Se mexermos muito, as flores perdem sua graça natural, o que não acho bom. Assim, quando vamos vivificá-las, devemos, primeiramente, imaginar como iremos fazê-lo, para depois cortá-las e fixá-las rapidamente. Isso porque, tal como os seres vivos, quanto mais mexermos, mais fracas elas ficam. Esse princípio também se aplica ao homem. Com os pais, por exemplo, quantos mais cuidados tiverem na criação dos filhos, mais fracos eles serão.
  Como vivifico as flores dessa maneira, minhas vivificações duram mais do que o dobro do normal, e todos se admiram. Em geral não se usa bambu e bordo - certamente porque não duram muito - mas eu gosto de vivificá-los, e eles sempre duram de três a cinco dias; às vezes o bambu dura mais de uma semana, e o bordo, quase duas. Além disso, qualquer que seja a flor, não mexo em seus cortes, deixando-as ao natural.

Mokiti Okada em 5 de agosto de 1953

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