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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

VIDA E MORTE: Ensinamento de Meishu-Sama



Para a vida humana, talvez não haja problema tão premente quanto o da morte. Não será, pois, uma grande felicidade se o homem tiver esclarecimentos comprobatórios e não fantásticos, a respeito dessa questão? Desejo esclarecer as dúvidas existentes transmitindo a todas as pessoas o resultado dos meus estudos sobre os fenómenos espirituais. Com relação ao problema da vida após a morte, existem no Ocidente muitas obras famosas, tais como as de Sir Oliver Joseph Lodge (1851-1940) e do Dr. Ward, que são autoridades no assunto. No Japão, temos Wazaburo Assano, um profundo pesquisador com quem eu tive certo relacionamento e que deixou vários trabalhos. Infelizmente, ele faleceu há alguns anos. Falando sobre os fenómenos espirituais, no entanto, quero deixar bem claro que, na medida do possível, basear-me-ei apenas na minha própria experiência. Agirei assim para garantir a exactidão do que digo, pois, como esses fenómenos são invisíveis, é difícil apresentá-los de forma concreta, sem cair em dogmas.
Desprendido do corpo, que se tornou inútil, o espírito retorna ao Mundo Espiritual, onde passa a habitar, começando uma nova vida. Descreverei, inicialmente, como se processa o instante da morte, observado do Mundo Espiritual.
Geralmente o espírito se desprende do corpo pela testa, pela região umbilical ou pela ponta dos dedos do pé. O espírito puro sai pela testa; o que tem muitas máculas, pela ponta dos dedos do pé; o mediano, pela região umbilical. Isso se explica porque o espírito puro praticou o bem enquanto vivia, somou méritos e foi purificado; o que tem muitas máculas somou muitos pecados, e o mediano situou-se entre os tipos mencionados. Tudo está fundamentado na Lei da Concordância.
O exemplo que se segue é a experiência de uma enfermeira que “viu” a morte de um doente; sua descrição é tão perfeita, que serve de ilustração. É um exemplo ocidental, porém, tanto no Ocidente como no Japão, existem pessoas que têm a faculdade de ver espíritos. Não guardei os pormenores da descrição, mas vou reproduzir as partes mais importantes.
“Certa vez – disse ela – fitando um doente prestes a morrer, notei que de sua testa subia algo branco, uma espécie de névoa que, espalhando-se lentamente pelo espaço, tornou-se uma massa disforme, semelhante a uma nuvem. Pouco a pouco, entretanto, começou a tomar a forma humana; minutos depois, apresentou-se exactamente com as mesmas características físicas da pessoa. De pé, no espaço, olhava atentamente seu corpo inerte, junto do qual os familiares choravam. Parecia que desejava mostrar-lhes sua presença, mas desistiu, por saber que estava em dimensão diferente; mudou, então, de posição, dirigiu-se para a janela e saiu suavemente”.
Realmente, a descrição acima retrata muito bem os instantes da morte, que os budistas designam pela expressão “vir para nascer”. De facto, se analisarmos do Mundo Material, é “ir para morrer”, mas, se o fizermos do Mundo Espiritual, é “vir para nascer”. Da mesma forma, ao invés de dizerem “antes de morrer”, eles dizem “antes de nascer”. Assim, o espírito vive no Mundo Espiritual durante determinado tempo, às vezes dezenas, centenas ou milhares de anos, para nascer novamente. Desse modo, o homem nasce e morre muitas vezes. Para se referirem a esse nascer e renascer, os budistas usam a expressão “Rin-ne Tensho”.

Qual a relação entre o Mundo Espiritual e o homem?

O homem vem ao Mundo Material para cumprir a missão que lhe foi determinada por Deus, tenha ou não tenha consciência disso. No cumprimento dessa missão, acumula máculas no seu corpo espiritual. Chega, porém, um momento em que, por doença, velhice ou outros motivos, torna-se-lhe difícil continuar a cumpri-la. Quando isso ocorre, o espírito abandona o corpo e retorna ao Mundo Espiritual. Nesse sentido, desde tempos remotos chama-se “Nakigara” (invólucro vazio) ao corpo sem espírito, e “Karada” (invólucro) ao corpo carnal de uma pessoa viva.
Na ocasião em que o espírito entra no Mundo Espiritual, inicia-se, na maioria deles, o processo purificador das máculas. Dependendo do peso e da quantidade destas, logicamente ele vai ocupar um nível mais elevado ou mais baixo. O período de purificação é variável. Os períodos mais curtos duram poucos anos, às vezes dezenas, e os mais prolongados, centenas ou milhares de anos. Os espíritos que foram purificados até certo ponto, reencarnam, por determinação de Deus.
Essa é a ordem normal, porém, de acordo com a pessoa, há situações em que não se obedece a ela. Isso acontece com aqueles que, na ocasião da morte, têm forte apego à vida. Eles reencarnam antes de terem sido suficientemente purificados no Mundo Espiritual. Geralmente têm destino infeliz, porque lhes restam consideráveis máculas da vida anterior, que precisam ser eliminadas. Por essa razão é que muitos praticam o bem, mas vivem perseguidos pelos infortúnios. São pessoas que na vida anterior cometeram muitos pecados e, quando morreram, arrependeram-se seriamente, tomando a firme decisão de não persistir no erro. Esse propósito ficou impregnado em seu espírito, mas, como reencarnaram sem terem sido suficientemente purificadas, vivem sempre cercadas de sofrimento, apesar de detestarem o mal e praticarem o bem. Entretanto, não são poucos os exemplos de pessoas que, passando um período de infelicidade e tendo redimido os seus pecados, tornam-se subitamente felizes.
Há homens que se orgulham de não conhecerem outra mulher além de sua esposa, e outros que não desejam casar-se, terminando a vida solteiros. São indivíduos a quem as mulheres causaram muita infelicidade na vida anterior, e por esse motivo morreram com uma espécie de temor ao sexo feminino, sentimento que deixou marcas em seu espírito.
Algumas pessoas têm especial aversão ou receio de aves, insectos ou outros bichos. Isso tem origem na morte que tiveram, causada por um desses animais. O mesmo pode ser dito em relação àqueles que temem a água, o fogo ou os lugares altos. Outros têm medo de lugares onde se aglomera muita gente. Quando alguém sente isso, é porque em outra vida morreu pisoteado pela multidão. É interessante o pavor que certas criaturas têm de ficar sozinhas. Ministrei Johrei numa pessoa assim. Ela não podia ficar sozinha dentro de casa. Nessas ocasiões, saía para a rua e ficava esperando alguém chegar. Provavelmente, na vida anterior, tais pessoas faleceram de um mal súbito, quando estavam sozinhas.
Pelos diversos exemplos mencionados, concluímos que, no dia-a-dia da sua vida, o homem deve se esforçar para morrer em paz, sem apegos, temores e outras preocupações.
Quando uma pessoa nasce deformada ou aleijada, geralmente é porque reencarnou antes de estar suficientemente purificada no Mundo Espiritual. Por exemplo: antes de ser curada de fractura nas mãos ou nas pernas, provocada pela queda de um lugar alto.
Além do apego do próprio falecido, há outro motivo para a reencarnação prematura: a influência do apego dos familiares. É comum o caso de mulheres que engravidam logo após o falecimento de um filho querido. Esse novo filho é aquele que morreu e reencarnou prematuramente, em virtude do apego da mãe. Geralmente essas crianças não são muito felizes.
Existem pessoas sábias e pessoas ignorantes. Por quê? Pela diferença de idade entre suas almas: as primeiras têm alma velha; as segundas têm alma nova. A alma velha, por ter reencarnado muitas vezes, possui uma larga experiência do mundo, ao passo que a nova, por ter sido criada recentemente no Mundo Espiritual, tem pouca experiência, motivo pelo qual é mais ignorante. Como vemos, também há um processo de procriação no Mundo Espiritual.
Ainda podemos citar algumas experiências pelas quais muitos já passaram.
Certas pessoas, ao encontrarem alguém que nunca viram, têm a impressão de tratar-se de pessoa já conhecida. Sentem uma grande emoção, como se fossem pai e filho, ou irmãos; podem até experimentar um sentimento mais profundo. A razão é que na vida anterior eram parentes bem próximos ou tinham laços de estreita amizade; a isso se convencionou chamar de INNEN (afinidade espiritual).
Também, por ocasião de uma viagem, encontramos lugares pelos quais sentimos especial simpatia ou atracção e onde desejaríamos residir. É porque em outra vida residimos ou passamos muito tempo nesses locais.
No relacionamento entre homem e mulher, há casos em que ambos ficam em idílio ardente, que progride até se tornar um amor cego. A explicação é que na vida anterior, apesar de enamorados, eles não conseguiram unir-se. Entretanto, na vida actual, apresentando-se essa oportunidade, cria-se entre os dois um amor apaixonado.
Ao lermos ou ouvirmos falar de determinados personagens ou acontecimentos históricos, podemos sentir simpatia ou até ódio. Isso acontece porque já vivemos na época em que aqueles factos ocorreram, ou porque tivemos algum relacionamento com aqueles personagens.


Meishu-Sama, 5 de fevereiro de 1947

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