Meishu-Sama sempre aguardava ansiosamente a visita do mestre de cerimónia do chá, da escola Kankyu-An, de quem eu era aluna. Ele preparava pessoalmente os utensílios a serem utilizados durante a cerimónia, assim como as flores. O Seu perfil se encaixava perfeitamente no de um praticante dessa arte, embora Ele não o fosse. Mas, no exacto momento de saborear o chá, Ele sempre estava lá.
Assim que o mestre chegava para me ministrar a aula, Meishu-Sama mostrava-lhe os objectos de arte recém-adquiridos. Pedia explicações sobre quadros antigos de caligrafias e perguntava como se liam os ideogramas. Descontraidamente, o meu professor fornecia informações, elogiava as peças e, algumas vezes, fazia restrições a certas obras. Ensinava-Lhe, portanto, sem nenhum rodeio.
Meishu-Sama ficava feliz quando conhecedores do assunto apreciavam as obras por Ele coleccionadas. Sentia-se motivado quando pessoas, como o mestre do Kankyu-An ou o mestre de Nagauta (espécie de poema longo cantado, bastante popular na Era Edo; canta-se acompanhado por um Shamisen, instrumento de cordas), Kozaburo Yoshizumi, se deleitavam com as peças da sua colecção.
Ele não as exibia logo, gostava de criar um clima antes de apresentá-las. No início, como eu desconhecia essa estratégia, antecipava-me e as mostrava aos convidados. Visivelmente zangado, Ele dizia: “Há uma ordem a ser seguida. Você não pode agir por conta própria!” Era como se houvesse um roteiro pré-estabelecido: primeiramente, despertava a curiosidade do “espectador”; em seguida, explicava sobre o “espectáculo” e, no momento adequado, apresentava a “peça”.
Meishu-Sama também era sempre rigoroso ao nos ensinar o correcto manuseio das obras. Éramos repreendidos, por exemplo, quando não tínhamos o devido cuidado com as peças de Maki-e (artesanato em laca).
Nidai-Sama
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