Aos 25 anos, com um capital de dois mil ienes, Meishu-Sama abriu uma loja de miudezas em Tóquio, na Rua Nishinaka, Nihonbashi, e deu o nome de Korin-do, em homenagem ao famoso Korin Ogata (1658-1716), o artista japonês mais admirado por Meishu-Sama.
Nesse tempo, Ele vivia com a Sua mãe, pois o Seu pai já havia falecido e decidiu que, sozinho, enfrentaria a responsabilidade do negócio: o armazenamento dos estoques, a venda das mercadorias, a parte administrativa, enfim, todas as atividades do empreendimento.
Ao me descrever o negócio, contou que levantava-se muito cedo e limpava a rua em frente à loja, antes que as pessoas começassem a transitar. Depois varria e espanava a loja, preparando diariamente o ambiente de trabalho. Disse também que desempenhava as funções de três pessoas – proprietário, vendedor e aprendiz – e atendia a todos os fregueses com cortesia e consideração, indistintamente. Agradecia desde o fornecedor até uma criança que comprava uma simples presilha para cabelo.
Quando abriu a Korin-do, um parente, com muita experiência, aconselhou-o: “Ninguém pode ter sucesso no comércio com uma política de total integridade. Nos negócios, ser honesto não é suficiente para prosperar; você não pode se deixar levar por dívidas de gratidão, pela compaixão e pela amizade.” Meishu-Sama até tentou seguir o que essa pessoa Lhe disse, mas acabou achando que era impossível seguir tal conselho e prosseguiu de acordo com os Seus próprios princípios.
Uma vez, o chefe da divisão de compras de aviamentos da Mitsukoshi (uma das maiores e mais antigas lojas de departamento do Japão) chegou a Meishu-Sama e pediu: “Há pouco tempo, eu fui nomeado chefe de divisão e sei muito pouco sobre aviamentos. Apreciaria enormemente qualquer informação sobre este assunto, em lojas especializadas neste ramo e qualquer detalhe a mais que o senhor possa me ensinar.”
Meishu-Sama respondeu: “Eu mesmo não tenho muita experiência, mas terei imensa satisfação em contar-lhe o que sei”. Deu-lhe, assim, detalhadas informações sobre as particularidades e
especialidades de várias lojas de miudezas, apontando algumas que eram excelentes em desenhos ou especializadas em certos artigos. Após as orientações recebidas, o chefe de divisão da Mitsukoshi agradeceu muito e foi embora.
Alguns dias mais tarde, voltou e disse a Meishu-Sama: “Hoje eu tenho um favor a lhe pedir. O senhor é um raro homem de negócios. A maioria das pessoas não teria falado comigo com a sinceridade que o senhor falou. Só de ouvir o nome “Mitsukoshi”, expressaria o desejo de negociar connosco. O senhor, no entanto, nem mencionou a sua loja. Ao contrário, ensinou-me gentilmente, elogiando e analisando os pontos positivos de outros estabelecimentos. Esta não é uma atitude comum de um comerciante, fiquei muito impressionado com sua extraordinária personalidade e gostaria que passasse a negociar connosco.”
Meishu-Sama declinou repetidas vezes desta oferta, explicando que a Sua loja era de retalho; mas diante de contínua insistência, acabou fechando um contrato com a Mitsukoshi. Esta transacção
obrigou-o a mudar o ramo de actividade da Sua loja, passando-a de retalho para atacado.
A originalidade das Suas inovações e o Seu estilo comercial chamaram a atenção e cativaram a simpatia do público, rendendo-Lhe, assim, um enorme êxito.
Nidai-Sama
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