Observando o mundo actual, constatamos a existência de
pessoas que, dizendo-se esquerdistas, direitistas ou neutras, vivem criando
conflitos. É fácil o aparecimento de choques, entre esses grupos, em virtude de
cada um se firmar em sua ideologia e tentar impô-la aos demais. Existem alguns
cujo propósito é justamente provocar tais choques, mas isso não vem ao caso no
momento.
Após a Segunda Guerra Mundial, o objectivo do povo japonês é
a democracia, que, obviamente, visa o máximo de felicidade para o maior número
de pessoas. Entretanto, se cada um insistir em suas ideologias e “ismos”, isso
resultará em conflitos e, ao invés de se proporcionar felicidade às pessoas, se
estará acarretando o máximo de desgraças. Quem o diz não sou eu apenas. Dentro
do quadro social da actualidade, é uma tendência que realmente aparece clara em
todos os sectores. Vejamos, por exemplo, os partidos políticos. Num mesmo
partido, existem alas, ocorrem choques entre seus componentes, devido à
diferença de pontos de vista, e há sempre o perigo de desagregação. Qualquer
coisa que fuja a esses pontos de vista é considerada como inimiga, por isso não
é fácil manter-se a coesão do partido. Planeia-se derrubar gabinetes que
acabaram de ser compostos e até se insiste para que um gabinete formado apenas
há dois ou três meses concretize as medidas políticas propostas por ocasião das
eleições.
Raciocinemos. Por melhor que seja um político, é impossível
ele cumprir suas promessas no prazo de seis meses ou mesmo um ano. É por esse
motivo que o Gabinete Japonês muda tão rapidamente que nem dá tempo para
esquentar as cadeiras. Nesse aspecto, assemelha-se ao da França. Na Inglaterra,
o gabinete trabalhista saiu-se muito mal no primeiro ano de posse; se fosse no
Japão, seria fortemente criticado, mas a tolerância dos ingleses é de facto
extraordinária. Chegou a impressionar-nos a confiança que eles depositaram em
Sir Attlee e a paciência com que ficaram aguardando os resultados. Passado o
referido período, as coisas começaram a melhorar. Hoje em dia, parece que a
situação da Inglaterra é muito boa, inclusive economicamente.
Nos Estados Unidos acontece o mesmo. Como o mandato
presidencial é de quatro anos, é possível fazer uma política arrojada.
Vencedores da Segunda Guerra Mundial, os americanos demonstraram grande
tranquilidade económica, logo após o término do conflito, quando deram aquele
magnífico exemplo que foi o Plano de Salvação da Europa e do Leste Asiático.
Isso se deveu também às quatro eleições consecutivas do Presidente Roosevelt, o
qual, governando durante dezesseis anos, pode tomar medidas ousadas, tendo
obtido bons resultados.
Como expus anteriormente, a realidade actual do Japão é que
ele não consegue deixar de comportar-se como país bitolado. Portanto, neste
momento, todos os japoneses devem empenhar-se, antes de mais nada, em cultivar
o espírito de tolerância. É aquilo de que mais necessitamos.
Se o objectivo da nossa Igreja é a construção de uma
sociedade sem conflitos, primeiramente precisamos livrar-nos do estreito
sentimento de orgulho que nos faz menosprezar os outros. Torna-se necessário
caminharmos sem levar em conta se os ideais são da esquerda, da direita ou do
meio, mas fundindo-os num ideal grande e nobre, que abranja tudo e ao qual se
possa realmente chamar de mundial. Baptizamo-lo de Universalismo.
Meishu-Sama, 8 de abril de 1949
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