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sexta-feira, 10 de julho de 2015

A BÚSSOLA DA RECONSTRUÇÃO DO JAPÃO: Ensinamento de Meishu-Sama


Baseado na actual conjuntura, desejo tecer considerações a respeito da política nacional que o Japão precisa adoptar daqui para frente. Antes, porém, tenho que falar sobre a missão da nação japonesa.
Deus, para governar o mundo, concedeu a cada país uma missão específica. Evidentemente, o Japão não constitui excepção. Como a missão que lhe cabe não estava esclarecida até o presente momento, foram praticados os mais gritantes erros, decorrentes da interpretação caprichosa do homem. O resultado foi a nação caótica que vemos actualmente.
Analisando a história do Japão, evidencia-se que, desde a antiguidade, têm surgido grandes heróis e guerreiros, a maioria dos quais, utilizando-se da violência chamada guerra, enfeixou o poder em suas mãos. Em quase todos os lugares, podemos ver os males e crimes que eles cometeram, devastando territórios e fazendo o povo viver na pior das agonias. Em poucas palavras, pode-se afirmar que a história do Japão não passa do registro de uma disputa de poderes entre os dominantes. É facto real, sem margem de dúvida, que a maior e a última dessas disputas foi a Segunda Guerra Mundial. Desde que o Japão foi instituído como nação, seu povo tem sido muito sacrificado, vítima dessa situação conflitante. Vê-se, portanto, que não houve absolutamente história do povo.
Todavia, durante esse longo período, também houve épocas pacíficas de tempos em tempos. Nos períodos Assuka (592-707), Hakuho (646-723), Tempyo (710-797), Heian (801-899), Ashikaga (1338-1573), Kamakura (1205-1333), Momoyama (1574-1600), Guenroku (1688-1704), Kyoho (1763-1782), Bunka (1804-1817), Bunsei (1818-1829) e Meiji (1868-1911), apesar de sua curta duração, desenvolveu-se uma cultura pacífica, da qual foram preservadas até hoje algumas heranças. São quadros que retratam sua época, esculturas, objectos artesanais, etc. O facto de haverem sido criadas tantas peças artísticas maravilhosas em tão curto período de paz – peças que ainda hoje podemos apreciar – mostra-nos a elevada tendência dos japoneses para o Belo.
Outro ponto a ressaltar é a natureza do Japão. Todos os turistas que o visitam ficam admirados, dizendo que nenhum país tem paisagens tão puras e lindas como as japonesas. É também um dos países mais ricos em espécies de ervas, árvores e flores. Além disso, dizem que, no Japão, a variação das estações é incomparável, evidenciando-se nas transformações das montanhas, rios, plantas e árvores, nas flores da Primavera, no verde do Verão, no bordo do Outono, na queda das folhas durante o Inverno e em outros aspectos, cada qual expressando a beleza da sua estação.
É também característica a arte e a técnica dos japoneses na utilização da beleza natural da madeira e outros materiais nas construções. As artes plásticas e o artesanato são muito apreciados pelos estrangeiros, seja a pureza e riqueza das pinturas, os característicos “makiê”, as cerâmicas e outros objectos.
Kyoto e Nara escaparam aos bombardeamentos aéreos durante a guerra graças ao trabalho do Professor Langdon Warner (1881-1955), que se empenhou na preservação das duas cidades pela compreensão que tinha da arte japonesa, não obstante ser estrangeiro.
No que se refere aos produtos alimentícios, a grande quantidade de alimentos provenientes do mar, as verduras variadas e a técnica da culinária também evidenciam uma cultura muito característica, que vivifica o sabor natural das coisas.
Reflectindo sobre tudo isso, pode-se perceber qual é a missão inata do Japão: por meio da beleza natural e da beleza criada pelo homem, cultivar o espírito de nobreza do ser humano, dar-lhe tranquilidade e fortalecer-lhe o desejo de desfrutar da paz. Em termos mais concretos, tornar-se o jardim público do mundo e a fonte de toda e qualquer expressão do Belo.
Entretanto, em que situação nos encontramos! Ao invés de cumprir sua verdadeira missão, o Japão viveu por longo tempo sob a bandeira do militarismo, sem voltar sua atenção para mais nada. Uma vez que despertem para o significado de sua missão e reflictam profundamente, os japoneses poderão compreender o quanto estavam errados. A situação inédita em que o país se encontra, obrigado a dispensar os armamentos militares em consequência da derrota sofrida na guerra, só pode ser determinação de Deus para fazê-lo entender sua verdadeira missão. A propósito da inexistência de forças armadas, talvez haja, entre os japoneses, pessoas que se preocupam com o futuro da nação, mas acredito que seja uma preocupação desnecessária. Isto porque, se o Japão se tornar o parque público do mundo, incorporando o Bem e o Belo e apresentando-se como um jardim paradisíaco, embora ocorra uma guerra, os inimigos, e muito menos os aliados, não teriam coragem de destruí-lo.
Também em nossa Igreja, como todos sabem, estamos preparando e executando a construção do protótipo do futuro Paraíso Terrestre, nas cidades de Hakone e Atami, em locais escolhidos pela sua paisagem pitoresca. Nele está expresso o máximo da beleza das construções arquitectónicas e dos jardins. Além disso, estamos instalando o que se poderia chamar de local de apresentação das belas-artes para o exterior. A propósito, gostaria de ressaltar que, dentre os muitos produtos exportados pelo Japão, dificilmente a exportação dos produtos têxteis, que são tão característicos, poderá ultrapassar certo limite. Quanto às maquinarias, construções navais, trens, bondes, automóveis, bicicletas, etc., restringem-se a artigos comuns, destinados à massa popular dos países altamente desenvolvidos; para os países cuja população é de baixo nível, são exportados produtos que apenas satisfazem suas necessidades. Em termos de maquinaria de alto nível, de mercadorias variadas e de material cultural, talvez ainda estejamos longe de alcançar países desenvolvidos como os Estados Unidos. Por esse motivo, a política nacional que o Japão deve adoptar daqui para frente são os empreendimentos turísticos e a exportação de objectos de arte, obras artesanais e flores. Não seria exagero dizer que, além disso, quase nada tem futuro.
Existe, no entanto, um factor da maior importância: os problemas de saúde dos japoneses. Por mais perfeitas que sejam as instalações turísticas e por mais que nos tornemos alvo da admiração dos visitantes, se o Japão estiver infestado de doenças contagiosas, como a tuberculose, seria o mesmo que convidá-los para uma bela mansão de portas fechadas.
Outro ponto importante é o que se refere às verduras japonesas. O facto de, no Japão, se utilizar excremento humano como adubo, desde a antiguidade, constituiria por si só um grande obstáculo para atrair os estrangeiros, dado o perigo da transmissão de vermes. Assim, o ideal seria explicar o método de Cultivo Natural preconizado pela nossa Igreja. Com isso, todos os obstáculos mencionados anteriormente seriam eliminados.
Penso que, com estas explicações, possam ter uma compreensão geral dos nossos objectivos. Entretanto, quando chegar o dia em que os projectos e instalações a que nos referimos ficarem concluídos em todo o território japonês, verão realmente concretizado o Paraíso Terrestre que nós proclamamos, e acredito que nenhum país terá motivos para deixar de recebê-lo com alegria e satisfação.

Meishu-Sama 30 de maio de 1949

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